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Marcio Aquiles escreve sobre a nova montagem de Anjo de Pedra, texto de Tennessee Williams com direção de Nelson Baskerville, em cartaz no Tucarena
Por Marcio Aquiles
O contexto contemporâneo de hiperconscientização dos fenômenos socioculturais e o ativismo político como prática disseminada têm moldado a cena teatral contemporânea. Hoje em dia dificilmente se escolhe encenar um texto que faz parte de algum cânone simplesmente pelas qualidades inerentes – poéticas ou cênicas – do material ou pela capacidade de mobilização comercial. A reverberação da peça, sua ligação com nosso contexto histórico ou seu potencial crítico e de reflexão costumam ser os catalisadores mais comuns, caso que parece ser o dessa nova montagem de Anjo de Pedra (no original, Summer and Smoke), de Tennessee Williams.
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Os atributos dramáticos e narrativos do texto já valeriam a montagem, porém é impossível desconsiderar que a encenação de uma peça cujo principail eixo coloca a ciência em contraposição a crenças dogmáticas nocivas dialoga e muito com nosso Brasil onde seitas religiosas viram franquias bilionárias e péssimos políticos, muitos por interesses pessoais escusos, outros tantos por limitação intelectual, têm a pachorra de desprezar as fontes legítimas de conhecimento – única via para o desenvolvimento sustentável de um país no século XXI, como qualquer pessoa com mínima cognição ou senso de realidade pode perceber.
Impossível desconsiderar essa linha de interpretação, haja vista que o próprio diretor Nelson Baskerville a destaca no programa do espetáculo: “no microcosmo, a impossibilidade de amor entre duas pessoas e, no macrocosmo, a tragédia que ocorre quando a religião (representada por Alma) tenta impor-se à ciência (representada por John)”.
Embora essas tensões do geral estejam presentes, sobretudo nas intervenções misóginas e irracionais do pastor (Kiko Marques, excelente como sempre), é por meio da dialética particular de Alma (Sara Antunes) e John (Ricardo Gelli) que a trama avança. Ela acredita no divino e no amor platônico; ele é cético e hedonista. Se essa diferença marcante impõe o conflito inicial, a encenação não as lê de forma redutora, pois evidencia também como as personalidades das personagens são complexas. Em alguns momentos, esses dois vetores arquetípicos dominam e a estrutura cênica escolhida é a do melodrama; em outros, as minúcias e características pessoais de cada um adensam o tecido dramático até o paroxismo.
Trata-se de uma montagem em que a dramaturgia é dominante, e os esforços dirigem-se sobretudo para a história. Essa observação é importante, pois em seus trabalhos Nelson Baskerville tem se mostrado um diretor de alta inventividade, em que os dispositivos cênicos muitas vezes têm tanta ou mais relevância na encenação do que o próprio enredo. O interesse pela variedade formal é uma marca de sua carreira: vide a radicalidade cênica de Luís Antônio-Gabriela (2011) e Córtex (2012), o teatro visceral de Credores (2012), de múltiplos procedimentos como A Vida (2017), ou mesmo no naturalismo extremo de O Rio (2018).
Anjo de Pedra, por sua vez, é mais ameno nesse sentido, apesar de seu turbilhão narrativo, pois sua visualidade é delicada – no figurino elegante de Marichilene Artisevskis, no desenho de luz discreto de Wagner Freire –, tal qual a parte sonora, cujo ponto alto é a versão deslumbrante de Bang Bang por Carolina Borelli.
É um espetáculo em que cada signo de contraste, latente ou explícito, opera como mensagem aos que ainda não entenderam que tolerância e alteridade são os únicos caminhos para a harmonia individual e coletiva.
A peça está em cartaz no Tucarena até 15 de maio; sextas e sábados, às 21h, domingos às 18h.
@marcioaquiles
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