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Exposição “No subúrbio da modernidade - Di Cavalcanti 120 anos” apresenta mais de 200 obras do pintor modernista na Pinacoteca. Foto: Denize Bacoccina
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Bordeis, bares e mangue: por que ver esta exposição de Di Cavalcanti na Pinacoteca

Exposição tem mais de 200 obras, emprestadas por coleções de todo o país e do exterior. Veja galeria

Um dos mais importantes artistas do modernismo brasileiro, Emiliano Di Cavalcanti, terá uma mostra retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo“No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos” entra em cartaz neste sábado, 2 de setembro, mês em que se comemora 120 anos do nascimento do artista.

Entre pinturas, desenhos e ilustrações, serão exibidas mais de 200 obras, realizadas ao longo de quase seis décadas de carreira e que hoje pertencem a algumas das mais importantes coleções públicas e particulares do Brasil e de outros países da América Latina, como Uruguai e Argentina. A exposição pode ser vista até o dia 29 de janeiro de 2018.

Obras icônicas do pintor e outras menos conhecidas estão distribuídas em sete salas do primeiro andar do prédio junto ao Jardim da Luz. O curador José Augusto Ribeiro diz que a exposição pretende investigar como o artista desenvolve e tenta fixar uma ideia de “arte moderna e brasileira”, além de chamar a atenção para a condição e o sentimento de atraso do Brasil em relação à modernidade europeia no começo do século 20.

José Augusto Ribeiro, curador da exposição “No subúrbio da modernidade - Di Cavalcanti 120 anos” Foto: Denize Bacoccina

José Augusto Ribeiro, curador da exposição “No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos” Foto: Denize Bacoccina

O título da mostra também aos locais que o artista costumava retratar em suas obras, onde exerceu a função de uma espécie de cronista de sua realidade. “A obra de Di representa os espaços de prazer e descanso”, diz o curador. Entre eles, os bordeis, os bares, a zona portuária, o mangue, os morros cariocas, as rodas de samba e as festas populares. Por isso o título da exposição, já que ele retratava o subúrbio não necessariamente no sentido geográfico, mas no sentido da parte da sociedade que estava mais à margem das classes mais abastadas.

Moderno e conservador

Ao mesmo que foi moderno quando isso era vanguarda, Di Cavalcanti combateu, com bastante força, o abstracionismo, de uma maneira muito feroz. “Ele tinha uma reação que parecia amedrontada, de quem temia perder espaço”, diz o curador da mostra.

Além da atuação pública de Di Cavalcanti como pintor, a mostra destaca também aspectos menos conhecidos de sua trajetória, como as ilustrações e charges para revistas, livros e até mesmo capas de discos. Di Cavalcanti também produziu vários murais em prédios importantes de São Paulo. Um deles é o do Teatro Cultura Artística, que já foi restaurado, após o incêndio que destruiu o prédio, em 2008. Outro, bastante conhecido, fica na entrada do edifício Triângulo, prédio projetado por Oscar Niemeyer no centro de São Paulo.

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A exposição também aborda sua condição de mobilizador cultural e integrante do Partido Comunista do Brasil (PCB). “Esse engajamento reforça o desejo de transformar o movimento moderno em uma espécie de projeto nacional”, diz Ribeiro.

Um catálogo que está sendo lançado junto com a exposição reune três ensaios inéditos escritos pelo curador José Augusto Ribeiro, o historiador da arte e do design Rafael Cardoso, e professora e crítica de arte Ana Belluzzo. O livro trará ainda reproduções das obras apresentadas, uma ampla cronologia ilustrada e um compilado de textos já publicados sobre a trajetória do artista.

A exposição tem patrocínio de Banco Bradesco, Sabesp, Ultra, Escritório Mattos Filho e Alexandre Birman.

Veja algumas das obras:

 

“No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos”

Endereço: Pinacoteca – Praça da Luz, 2 (estação Luz do metrô e CPTM)

Horários: quarta a segunda-feira, das 10h às 17h30

Quando: Até 29 de janeiro de 2018

Preço: R$ R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Crianças com menos de 10 anos e adultos com mais de 60 não pagam. Aos sábados, a entrada é gratuita.