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O Pátio do Colégio que visitamos hoje não é o original da época dos jesuítas, mas uma réplica erguida nos anos 1970. Entenda o que aconteceu
O Pátio do Colégio, local do antigo colégio jesuíta que deu origem ao povoamento que resultou na cidade de São Paulo, bem pertinho da Praça da Sé, é um dos lugares mais frequentados por estudantes e turistas em seus passeios pelo centro histórico de São Paulo.
O que muita gente não sabe é que a construção de paredes branquinhas que impressiona os turistas não é remanescente do século 16, quando os jesuítas subiram a Serra do Mar para se estabelecer no planalto.
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Quase nada sobrou do prédio erguido naquela época, e a construção que vemos hoje foi edificada nos anos 1950 e 1970. O prédio, supostamente semelhante ao edifício que havia originalmente naquele local, é considerado pelos especialistas um “falso histórico”. Ou seja, um prédio que parece histórico, mas na verdade foi construído em época recente, copiando o prédio antigo. Não por acaso, o projeto despertou polêmica na ocasião e teve a oposição do Condephaat, órgão responsável por zelar pelo patrimônio histórico do Estado. O órgão argumentava que a reconstrução iria encobrir o sítio arqueológico do local, prejudicando um local de valor histórico.
O Blog do DPH, Departamento de Patrimônio Histórico, órgão da Prefeitura Municipal, é quem conta esta história.
É difícil hoje imaginar que a metrópole de São Paulo já foi uma pequena vila. Piratininga, como era chamada, foi fundada pelos portugueses que, a partir da região em que hoje é Santos, abriram caminho serra acima até o planalto.
O marco inicial do surgimento da cidade foi o Colégio, construído pelos Jesuítas no topo de uma colina em 1554. Hoje, é atração turística e pode ser visitado, mas o que conhecemos dele é uma réplica.
Os Jesuítas foram expulsos de São Paulo em duas ocasiões. A primeira, em 1640, por defenderem a liberdade dos índios, e a segunda em 1760, após serem acusados de conspirar contra o rei de Portugal. Isso fez com que o Colégio fosse entregue à Coroa Portuguesa, que instalou ali o governo de São Paulo, permanecendo no local até 1912. Ainda no final do século 19 a fachada do conjunto foi reformada.
A Igreja do Bom Jesus, parte do conjunto do Pátio do Colégio, não foi alterada pelas reformas, mas foi interditada em 1891, pelas más condições de suas estruturas. A demolição do prédio foi autorizada e concluída em 1896, depois do desabamento do teto durante uma tempestade.
No ano de 1954, quando era comemorado o IV Centenário de São Paulo, toda a edificação foi demolida e o terreno cedido aos Jesuítas novamente, que iniciaram um projeto de reconstrução do edifício do colégio, e em 1976 o da Igreja do Bom Jesus.
A reconstrução das estruturas do Pátio do Colégio despertou uma polêmica. Os apoiadores do projeto discutiam a importância do local como um monumento histórico da fundação da cidade, assim como da manifestação religiosa católica.
Na época houve a oposição do Condephaat, baseada no argumento de que nenhuma réplica ou simulacro teria o valor histórico da obra original. Na visão do órgão, a reconstrução do Colégio, além de causar danos irreversíveis ao patrimônio, também constituiria um “falso histórico”, conceito que surgiu na virada dos Séculos 19 e 20 e foi retomado no livro “Teoria da Restauração”, do arquiteto italiano Cesare Brandi.
O chamado “falso histórico” ocorre quando são realizadas intervenções, reformas ou reconstruções que alterem traços característicos de um patrimônio.
Em 1975, o Condephaat solicitou o tombamento do local como sítio arqueológico, devido à presença de dois elementos originais de sua fundação: uma parede de taipa de pilão e a fundação de pedra da antiga igreja, ambos tombados pelo Conpresp em 2015.
Dois anos depois, em 1977, o Condephaat emitiu um segundo parecer, no qual afirmava que nenhuma reconstrução ou réplica deveria ser sobreposta à obra original, tirando dela o seu valor histórico. Apesar do parecer técnico, o projeto de reconstrução foi executado.
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