Quando o chão vira texto
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Em entrevista ao A Vida no Centro, a artista visual Raquel Brust conta que os retratos ampliados do Projeto Giganto, nas colunas no Elevado João Goulart, querem valorizar a diversidade e despertar empatia; veja as fotos
Um olhar generoso em relação ao outro e a busca por valorizar a diversidade em São Paulo. Foi com esse objetivo que a artista visual Raquel Brust criou a intervenção fotográfica Projeto Giganto, composta por 29 retratos, de três metros de largura e seis de altura cada um, colados nas colunas no Minhocão, na Rua Amaral Gurgel. A exposição temporária é o ponto de partida do Museu de Arte de Rua (MAR), uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura, a Secretaria Municipal de Educação e as Subprefeituras que viabilizará cerca de 30 obras de arte urbana em diferentes suportes, como grafite, estêncil e fotografia, sempre em grandes dimensões.
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Os retratos do Giganto ficarão expostos nos dois lados de 15 pilastras do Minhocão, partindo da Praça Roosevelt e indo a região do Largo do Arouche. O processo de produção começou com a pesquisa de personagens. Depois, Raquel tirou as medidas das colunas que iriam receber as imagens e produziu as fotografias, que em seguidas foram ampliadas no Photoshop, com o cuidado para não ficarem distorcidas. Por fim, foram coladas nas pilastras do Elevado Costa e Silva.
“O tema da exposição no Minhocão é a diversidade. Por isso era importante trabalhar com uma sequência de imagens nas colunas do elevado. Isso permitiu ter representatividade e mostrar pessoas de diversas origens, tons de pele, condições físicas, crenças e orientação sexual”, afirma Raquel Brust ao A Vida no Centro.
VEJA AS FOTOS DO PROJETO GIGANTO NAS COLUNAS NO MINHOCÃO.
Os painéis trazem fotos, por exemplo, da drag queen Rita Von Honty e da cadeirante Bruna Maraanovic, vítima de violência doméstica e atualmente atleta de rugby. “Durante a produção das fotos, procuro fazer as pessoas se despirem de suas máscaras sociais, não quero que elas posem. É um processo muito emocionante para mim, e também para as pessoas. Teve até choro em algumas das sessões de fotos”, diz Raquel, que é jornalista formada pela PUC-RS, com especialização em fotografia pela UFRGS e Unisinos e, atualmente, pós-graduanda em fotografia pela FAAP.
Essa emoção, diz ela, vem do fato de o trabalho dar visibilidade e tratar com respeito as histórias, a origem e vivência de cada um dos retratados. “Tenho recebido muitas mensagens de pessoas que viram o trabalho no Minhocão e se dizem representadas pelas fotos. Espero que a exposição seja um primeiro estímulo ao acolhimento e à aceitação do outro como ele é, sem julgamentos”.
Histórico
Não é a primeira vez que Raquel recorre às colunas no Minhocão como suporte para o Giganto. A primeira vez que usou o local como suporte para uma intervenção fotográfica foi em 2013. Naquela ocasião, ela retratou moradores da região do Minhocão.
O projeto foi criado por Raquel em 2008 e naquele ano mesmo foi premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. A iniciativa já foi apresentada em exposições individuais no Sesc Bertioga (2013), Sesc Santana (2012), TED@São Paulo (2012), Festival Foto em Pauta (2012, Tiradentes) e no Festival Paraty em Foco (2011), entre outras exposições.
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