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Pink Star, em cartaz na Estação Satyros
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Pink Star descontrai e faz refletir sobre um mundo com regras que não nos pertencem

Peça em cartaz no Estação Satyros, Pink Star é uma viagem a um mundo pós gênero binário. A jornalista Luiza Pastor foi conferir e conta suas impressões

Por Luiza Pastor

Estreou na sexta-feira, dia 8, a peça Pink Star, escrita por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.

A notícia é boa, muito boa. A produção, que está em cartaz no Estação Satyros, é uma viagem deliciosamente lisérgica – não é à toa que lá pelas tantas rolam os primeiros acordes de “White Rabbit”, do Jefferson Airplane.

Referência para iniciados, claro, ainda mais intensa para quem tem memórias de Hair, Rocky Horror Picture Show e toda uma geração bichogrilesca e engajada no que chamávamos de amizade colorida, amor livre e tals, e hoje chamam de poliamor.

Acrescente uma pitada de ficção científica e uma dose generosa de bom humor e, pronto, aí está a receita do bolo exuberante servido aqui na Roosevelt. Que retoma a discussão de gêneros sem cair na mesmice do discurso militante, com humor, cor e muita, muita luz e animação.

Se você, como eu, acha que está no planeta errado, um planeta cheio de regras, normas e leis que não nos pertencem, desfrute de um delicioso momento de descontração – mas, também, de reflexão.

A trilha sonora é perfeita, os figurinos muito bem bolados e os efeitos de luz, criação de Ivam Cabral e viabilização de Carlos Orelha, são demais – marca registrada dos Satyros nos últimos anos e que já lhes rendeu dois prêmios Shell.

O elenco, muito jovem, dá conta do recado e o preparo de meses mostra seus melhores resultados. Canto, dança, interpretação, o diretor Rodolfo García Vázquez e seus assistentes Gustavo Ferreira e Emílio Rogê estão de parabéns pela eterna superação das dificuldades naturais de grupos alternativos como esse.

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É fácil tirar leite de pedra quando se tem uma empresa sólida e rica por trás, patrocínio e benesses oficiais, quando se pode exigir exclusividade dos profissionais para o projeto.

Aqui, nada disso acontece. Tudo nasce da raça, na unha, da vontade coletiva de fazer acontecer. E aconteceu. Taí a Pink Star, mais que uma simples peça, um happening. Quem vamos?

Serviço:

Pink Star

Local: Estação Satyros – Praça Roosevelt, 134 – tel. 3258 6345

Quando: sexta e sábado 21h

Temporada: a partir de 8 de setembro, por tempo indeterminado

Ingresso: R$ 40,00

Telefones para reservas: 3258 6345 / 3231 1954

Recomendação: Livre