A Vida no Centro

Clayton Melo

Blog do Clayton Melo

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e MBA em Marketing pela FGV, é analista de tendências, com formação na Escola Panamericana de Artes, e curador cultural. É palestrante em temas como futuro das cidades, tendências urbanas, inovação e jornalismo digital em instituições como Facebook, Mackenzie, ESPM, Cásper Líbero, Campus Party e Festival Path. Escreve sobre tendências urbanas, futuro das cidades, inovação e cultura.

O Centro Histórico de São Paulo precisa de vida noturna (e isso está prestes a acontecer)

Conheça o projeto que pretende atrair pessoas e transformar o Centro Histórico de SP numa espécie de distrito gastronômico e cultural

O Centro Histórico de São Paulo é uma área riquíssima do ponto de vista histórico e arquitetônico, mas que sofre de um problema sério: o esvaziamento à noite. Como lá não há moradores (praticamente todos os prédios são comerciais), o movimento se dá basicamente no horário comercial, deixando as ruas desertas e, por isso mesmo, inseguras no período noturno (é bom ressaltar que me refiro ao Centro Histórico, em outros pontos da zona central a noite é intensa e vibrante, como a região da República, Copan, Praça Roosevelt e Vila Buarque).

É justamente esse vazio que um projeto criado agora pela prefeitura de São Paulo pretende atacar. Chamado de Triângulo SP, o plano busca incentivar que as pessoas frequentem a região à noite, segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo. Diferentemente de outros planos mirabolantes para o Centro que nunca deram em nada, este parece ser mais pé no chão e tem o mérito de tentar resolver esse que é um dos principais entraves à reocupação da área onde a cidade nasceu.

Pessoas  

Em resumo, a iniciativa está estruturada em seis pilares: calçamento, iluminação, segurança, zeladoria, assistência social e estratégias de ativação – neste último caso, um exemplo é a reabertura, em abril, do mirante do histórico Edifício Martinelli, onde será instalado um centro de atendimento ao turista. O perímetro do plano não é exatamente um triângulo, mas um polígono que envolve as ruas Benjamin Constant, Boa Vista e Líbero Badaró. Já há verba destinada para isso. A implantação contará com recursos de R$ 28 milhões repassados pelo Ministério do Turismo. Além disso, também deve haver investimento por parte do município.

O projeto também quer transformar o Centro num polo de economia criativa, algo no qual nós, do A Vida no Centro, sempre acreditamos – e que já está acontecendo, faltava apenas o poder público fazer sua parte e criar condições para esse movimento avançar. A população e a iniciativa privada, com coletivos e empreendedores de diferentes áreas, como gastronomia e cultura, já vinham fazendo a sua parte e dinamizando o Centro. Mas faltava o poder público tomar uma atitude.

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Economia criativa

Quando criamos o A Vida no Centro, em agosto de 2017, o Centro não era assunto na mídia, a não ser pelo lado negativo. É muito gratificante ver que, hoje, o Centro está na pauta da cidade. Isso nos dá ainda mais ânimo para seguir adiante. Já falamos em outros momentos sobre os novos negócios inovadores e a transformação positiva que a economia criativa já provoca na região.

O projeto Triângulo SP mira essas áreas, direcionando a atenção para a economia noturna, um fator fundamental para ativar o Centro Histórico e atrair as pessoas, tornando as calçadas movimentadas e, portanto, seguras. “É uma coisa que todos já sabem: uma rua movimentada consegue garantir segurança; uma rua deserta não”, já dizia a jornalista Jane Jacobs, uma das principais referências do urbanismo internacional. “O requisito básico da vigilância é um número substancial de estabelecimentos e outros locais públicos dispostos ao longo das calçadas”, escreveu a autora de “Morte e vida nas grandes cidades”.

A economia noturna é um ponto importante para a recuperação do Centro Histórico, assim como de toda a região central. Agora, a sociedade precisa debater o projeto, cobrar e acompanhar para que as ações se tornem, de fato, realidade.