Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Veja os prováveis cenários para o futuro na vida nas cidades pós-pandemia, segundo a visão de pesquisadores de arquitetura e urbanismo, direito, cultura e poder público
Por Denize Bacoccina e Clayton Melo | Como será o futuro das cidades depois do fim da quarentena? Indo além, o que podemos projetar para a vida nas cidades pós-pandemia, quando finalmente houver uma vacina para o novo coronavírus, algo que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) só deve ocorrer daqui um ano e meio pelo menos?
O A Vida no Centro, como parte de uma cobertura especial que se propõe a refletir sobre prováveis cenários para o mundo pós-pandemia, procurou saber o que pensam a esse respeito diferentes pessoas que estão diretamente envolvidas com as questões da vida urbana. São pesquisadores de arquitetura e urbanismo, cultura, direito, professores universitários e poder público.
As reflexões que você vai ler a seguir abordam, entre outros aspectos, o redesenho de políticas públicas, mobilidade, meio ambiente, trabalho, relação das pessoas com o espaço público, cultura e a necessidade de combater problemas históricos do país, como a desigualdade social.
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Ana Carla Fonseca (Cainha)
Diretora da Garimpo de Soluções, é Administradora Pública (Fundação Getúlio Vargas – FGV), Economista, Mestre em Administração e Doutora em Urbanismo pela USP
Que exercício complexo e fascinante imaginar o que será a cidade, quando praticamente todas as variáveis dessa equação estão mudando ao mesmo tempo e sem termos vivenciado outro tsunami pandêmico de proporções comparáveis, não? Vamos lá. Começo por algumas ressalvas, para estarmos na mesma sintonia de onda.
– Temos visto várias mudanças de atitudes neste período de quarentena, mas me parece ainda cedo poder afirmar quais se consolidarão em mudanças de hábitos, quando a pandemia estiver amenizada nos encontrarmos na tal nova normalidade.
– As pessoas se adaptam muito mais facilmente do que as cidades. Entendo que algumas mudanças levarão a adaptações paulatinas da gestão e da infraestrutura urbanas e só serão de fato percebidas como decorrentes desta fase quando ela já estiver mais distante no tempo.
– Nas generalizações, vale o lembrete de que querer é uma coisa, poder é outra. É claro que questões como “valorizar morar perto do trabalho”; ou “ir ao trabalho com transporte público” tendem a ser menos ideais e mais possíveis em cidades com distribuição de renda menos discrepante, oportunidades de trabalho mais distribuídas no território e transporte público com malha e frequência ágeis e escalas mais modestas. Como desafio pouco é bobagem, terei em mente, aqui, as regiões metropolitanas e cidades de maior população.
Feitas essas ressalvas, minhas apostas são:
– Nós (cidadãos/sociedade) buscaremos encontraremos um novo balanço entre online e offline ou, como digo, entre ficção e fricção. Estávamos em uma curva ascendente de vida online (vide a avalanche de estudos científicos e memes alertando como pessoas próximas passavam a comunicar por Whatsapp o que podiam dizer ao vivo e em cores) e andávamos pelas ruas olhando a tela do celular. Subitamente, a vida online passou a ser não uma escolha, mas uma obrigação e não vemos a hora de sair de casa, abraçar os amigos e dar bom dia ao porteiro. Acho que continuaremos nos valendo de serviços digitais, reuniões virtuais (quando o tipo de trabalho o permitir) e de delivery, em escala maior do que antes, mas voltaremos a nos olhar mais nos olhos e a valorizar os espaços de encontro, os espaços públicos e creio que passaremos a tentar ressignificar não-lugares.
– Tenderemos a valorizar o que é local – desde a compra no mercadinho ou na lavanderia da esquina (inclusive porque muitos pequenos negócios fecharão e seu desaparecimento abrupto nos dará um choque) até o turismo na cidade (por uma vontade de viver novas experiências, em meio a um misto de dificuldades financeiras e desconforto mental em fazer viagens mais longas). Se isso ocorrer, trará um enorme ganho de ampliação dos mapas afetivos e mentais que cada um de nós tem de sua cidade, contribuindo para aproximar as ilhas urbanas que costumamos chamar de “cidade”.
– Quem tem tido a possibilidade de ficar em casa e trabalhar de forma remota vem vivenciando a vida como ela é, rompendo padrões. Fazer reunião online com os filhos brigando, o cachorro latindo, a panela de pressão apitando e sem ter ido ao barbeiro ou à manicure, nas quais uns veem parte da vida privada dos outros, tem desencadeado uma série de questionamentos acerca das prioridades de consumo. Por decorrência, entendo que a economia compartilhada passará a ter força ainda maior do que já vinha tendo e que pequenas atitudes – continuar lendo na varanda, fazer piquenique na praça, jantar com a família tenderão a se consolidar.
Beto Lago
Especialista em Políticas Públicas para economia criativa e presidente da ANEP (Associação da Noite e Entretenimento Paulistano)
No médio prazo, quando houver remédios e vacinas para a Covid-19, se restabelecerá uma normalidade aparente de comportamentos pré-pandemia, com a volta das pessoas à rua e até mesmo programas de lazer e consumo como ir a shoppings centers, cinemas e teatro, shows e casas noturnas.
Digo aparente por que nada será mais como era antes. Já foi a época que o sucesso de um evento era a grande quantidade de público que ele atraía e o número de curtidas nas redes sociais. Isso vai ficar fora de moda. As pessoas irão fugir de eventos e situações de grande público e de lugares lotados.
Nada será como antes e cito uma comparação com o 11 de setembro de 2001. Quando os voos internacionais não tinham um controle mega rígido de bagagens, proibição de talheres de metal dentro das aeronaves, garrafas de vidros e outros itens. Hoje a geração Millennium já tem isso como hábito e nem sente essa mudança, pois tudo é normal para eles. É o que se chama de Novo Normal Pós-Covid.
As tendências que vejo para este novo ambiente:
– Eventos públicos e privados com público menor e com transmissão ao vivo e online.
– Eventos menores que não serão mais amplamente divulgados através de redes sociais.
– Eventos mais segmentados nos seus bairros para evitar grande circulação na cidade.
– Eventos ao ar livre.
– Boom dos produtos e criadores nacionais com a impossibilidade das viagens.
– Viagens dentro do próprio estado.
– Viagens de carro.
– Consumo de objetos e utensílios para casa.
Fernanda Bueno – Bailarina do Balé da Cidade, do Theatro Municipal
Kleber Pagú – Produtor de arte urbana
A pandemia trouxe para nós, brasileiros, uma sensação de confinamento próximo da sensação que europeus e outros povos têm num inverno rigoroso. Passado o inverno, as pessoas vão buscar os espaços público para tomar sol, para conversar, para interagir. E isso será reforçado por dois motivos: um, é o próprio contágio do Covid-19, então as pessoas não irão para os ambientes fechados, não vão frequentar teatros, cinemas, exposições, e o segundo fator é que haverá um achatamento econômico drástico.
Isso traz um grande potencial para a ocupação do espaço público e uma interação gigante com as pessoas. Só que esses espaços públicos não estão preparados para receber as pessoas.
Como bailarina (Fernanda), fomos os primeiros a parar, porque o teatro não podia receber mais de 500 pessoas, e devemos ser os últimos a voltar, pelo mesmo motivo. Vejo este momento de pandemia e isolamento como um tempo que a vida está dando pra gente se revisitar, olhar, passear com a família, ver projetos engavetados. Isso olhando pelo lado positivo. Pelo lado negativo, é a falta que as pessoas fazem. A gente esquece de olhar para essas coisas. Usar este momento como um lado positivo, embora tenha um monstro ali fora à nossa espera.
A solidariedade que brota com mais força num momento como esse é que não é sobre pegar, é sobre não transmitir, e o não transmitir é pensar no outro. A gente já sabe, mas vem um movimento como esse reforçando que não é sobre eu, é sobre nós. Não é pensar no meu espaço, mas pensar sobre o outro.
E passado esse momento, nessa primeira saída o espaço público vai deixar de ser um meio, um ponto de passagem. Vai virar um ponto de encontro, porque é o primeiro lugar onde a gente vai poder sair numa cidade onde a arquitetura não é pensada para isso, tudo é pensado para dentro. Estamos pensando em produzir trabalhos neste espaço do meio, entre a minha casa e o meu trabalho, que é o espaço público. Projetos para preparar esse espaço para receber as pessoas.
Não estamos vendo nenhuma política pública sendo pensada para os artistas neste momento e nem para depois. Precisamos repensar este ponto de encontro. Que significa repensar a cidade. Que é repensar o outro.
José Police Neto
Vereador por São Paulo, é autor do Estatuto do Pedestre, do Programa Bike SP e da Lei de Regularização Fundiária
O “novo normal” vai transformar também o ambiente urbano. Em São Paulo, cresce a pressão sobre os serviços de comunicação e dados. Faltam 9 mil antenas para tapar os “buracos” na periferia, e o isolamento social tornou esse problema evidente, assim como a importância do home office. De exceção, o trabalho remoto deve se tornar regra para muitos. A cidade ganha com a redução dos deslocamentos e da poluição, além de valorizar a economia local nos bairros-dormitório. Estes tendem a se tornar bairros completos, mas o maior desafio aponta a redução da desigualdade social, com a oferta de moradia adequada e saneamento básico, nos quais deve se concentrar o investimento público.
Cresce a dimensão da casa em nossas vidas, da funcionalidade dos espaços e da relação com o entorno; após a família, a vizinhança é a primeira rede de amparo mútuo. O mesmo vale para o comércio local. Pequenos negócios que puderem sobreviver à crise ganham relevância, mais integrados aos recursos do delivery e do e-commerce. Essencial na vida urbana, a mobilidade ativa renova sua relevância. Caminhar ou se deslocar de bicicleta mantém um isolamento social mínimo e alivia a pressão sobre o transporte público.
Vólia Kato
Dra. em Arquitetura e Urbanismo e professora do Mackenzie e Mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo
Considerando um cenário de imprevisibilidade, é possível aventar que o desejo e a importância do espaço público terão uma dimensão ampliada. O isolamento imposto traz à tona a importância da presença do outro, das sensações de corporeidade e de proximidade com a natureza.
Ao mesmo tempo, esta situação de exceção evidencia o que estava encoberto ou o que não se quer ver: a enorme desigualdade de condições sociais e de enfrentamento da pandemia. O morador de rua sozinho no espaço público ganha visibilidade, os policiais atacando moradores da Favela do Moinho, como aconteceu há pouco para impedir que as pessoas saiam à rua, também é revelador.
Quem está hoje no espaço público, caminhando na cidade, andando de moto ou nos transportes públicos é quem não pode deixar de trabalhar… Vale dizer que a ideia de espaço público vai necessariamente apelar por políticas públicas que ouçam os movimentos coletivos e atendam reivindicações e respeitem necessidades diversas. Espero que a ideia de coletivo venha sobrepujar os sectarismos atuais. Se estes são indícios, nada garante que se realizem. A barbárie pode tomar conta do social. (Espero que não).
Ivam Cabral
Ator, dramaturgo, cofundador da Cia. de Teatro Os Satyros e Diretor da SP Escola de Teatro
Acho que a vida terá que ser toda reinventada. Nem é no futuro a conjugação. Acho que a gente já está fazendo isso no presente. Já temos a nossa vida diária transformada. A gente não vai mais poder se abraçar por um tempo, não vai poder se reunir por um tempo e isso obviamente que vai criar muitas mudanças no nosso dia adia quando a gente sair. Até porque não vai ter um dia milagroso onde se decrete: hoje todo mundo pode sair e a gente sai e abraça todo mundo numa grande festa. Não vai ser assim. Vai ser gradual, aos poucos, e a gente vai ter que rever todos os nossos hábitos. E estamos falando da cidade, do país, das nossas culturas. O brasileiro sempre foi um povo que se abraça muito. Isso tudo vai ser revisto. Quando a gente vai dar o primeiro abraço numa pessoa que a gente gosta e não vê há muito tempo? Isso tudo vai sair pelos bares, pelos teatros pelas praças, pela vida e respiro da cidade.
Infelizmente, não acho que essa pandemia vá ensinar coisas incríveis pra nós, não. Tenho ouvido falar: ah, a gente precisava disso porque a gente estava perdendo a humanidade. Acho que ao contrário: ela fortalece a individualidade. Eu lutando por mim e pela minha sobrevivência, porque aí eu me basto na minha casa, com a minha rede de internet, com a minha TV a cabo e eu já começo a ver isso. O e-commerce já cresceu. Tenho uma amiga que tem uma loja e ela disse que nunca ganhou tanto dinheiro. É um mundo que está sendo reinventado. Mas acho que é um mundo que vai ser individualista e mais capitalista.
Wans Spiess
Uma das idealizadoras do projeto CalçadaSP e mestranda em urbanismo pela Universidade Mackenzie, com pesquisa em calçadas e pensamento pedestre
Precisamos pensar a vida no espaço urbano para além dos desafios da mobilidade, comércio e diversão. A infraestrutura social é tão importante e real quanto a infraestrutura para água, energia, comunicações ou economia, embora seja mais difícil de ser reconhecida.
Em tempos de pandemia, quando o isolamento social é necessário e incentivado, e quando ainda não sabemos como será o mundo daqui em diante, pode parecer um contrassenso pensar nesta direção. Mas precisamos refletir desde já que, se negligenciarmos a infraestrutura social, tenderemos a ficar ainda mais centrados apenas nas nossas necessidades pessoais e imediatas, o que pode ter sérias conseqüências.
Ao observarmos o drama das comunidades mais carentes na cidade de São Paulo diante do novo coronavírus, encontramos alguns exemplos interessantes. Como as redes de apoio que rapidamente se mobilizaram em Paraisópolis. Ali, as ruas têm “chefes” com responsabilidade de monitorar e cuidar de pelo menos 50 casas na região. Um dos líderes comunitários explicou que “onde as políticas públicas não conseguem chegar é preciso criar a sua própria”. Tais movimentações só são possíveis porque, no dia-a-dia, as pessoas se conhecem muito bem e usam o espaço público para socializar. Apesar das muitas carências, há um potencial de vida urbana, de articulação entre dentro e fora e de escala humana.
Por isso, defendo que, mais do que nunca, precisaremos de boas calçadas e ruas bem cuidadas. De ações comunitárias, lojas e cafés nas vias (fachadas ativas) que atraiam as pessoas para fora de casa, ativando a vida pública e a economia local. Sem esquecer, é claro, que quanto maior a oferta e o cuidado, maior a possibilidade de conseguir ir ao encontro do outro em segurança.
Kelly Cristina Fernandes Augusto
Arquiteta e urbanista, especialista em economia urbana e gestão pública, ativista e pesquisadora em mobilidade urbana
Seja lá qual for o futuro, é certo que ele será reflexo das decisões que tomamos no presente. Com a chegada da Covid-19, novas palavras passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia: taxa de mortalidade, índice de letalidade, curva de contaminação, transmissão comunitária. Em um cenário pós pandêmico, que considera que a doença não foi erradicada e a qualquer momento pode surgir uma nova curva de contaminação, esse novo vocabulário, provavelmente fará parte do nosso dia-a-dia e, portanto, influenciará a vivência do espaço público, a vida comunitária, a mobilidade da população e, certamente, as políticas públicas.
Provavelmente, daqui até a vacinação em massa, estar em ambientes de caráter público ou semi-privados será permeado pelo risco de contaminação. Esse medo e a consequente falta de confiança no espaço público, se somará ao medo da violência, ao controle social dos corpos e ao avanço da repressão, barreiras já conhecidas e que recaem de forma desigual sobre a população empobrecida e negra, constituindo mais um limite para a vida do lado de fora do muro. Pois hoje, o isolamento e a internalização crescente de atividades em ambientes privados são a forma que conhecemos para enfrentar o avanço da pandemia.
Por outro lado, o que para alguns é segurança para outros se tornou risco à vida, que é visibilizado pelo avanço dos números de mortes relacionadas com a intensificação do convívio doméstico, afetando principalmente as mulheres. Isso, sem citar os efeitos na vida de quem não pode ficar em casa, seja pela ausência dela ou pela necessidade de continuar executando atividades de trabalho. Assim, jogando luz sobre os efeitos da desigualdade social e demandando decisões complexas, focalizadas e urgentes, que visem preservar vidas nunca antes priorizadas, agora em risco por múltiplos fatores.
Tudo isso, deixa o pensar no futuro difícil, porque o presente é incerto. Para Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, Diadorim era sua neblina. Ouso dizer que a crise sanitária em curso é nossa neblina. Portanto, antes de pensar no futuro é preciso dispersá-la, e isso requer que estejamos com máxima atenção no presente, só assim conseguiremos sair desse nevoeiro. De preferência juntas, para assim vislumbrar o que há por vir, ainda tão desconhecido!
Wilson Levy
Advogado e doutor em Direito Urbanístico pela PUC-SP, com estágio de pós-doutoramento em Urbanismo pelo Mackenzie e em Direito da Cidade pela UERJ. É diretor do mestrado em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da UNINOVE.
No plano das cidades, a pandemia acelera um processo que já estava em curso, que é a transformação no mundo do trabalho. A cidade é o local onde se desenvolvem 85% da atividade produtiva, a atividade econômica. Já vínhamos de um processo que alguns chamam de quarta revolução industrial, que trouxe um impacto grande na maneira como nos relacionamos com o território. As profissões do futuro são aquelas ligadas ao universo da tecnologia, da economia criativa. São processos de Cocriação que não necessitam de um suporte presencial.
Temos softwares de projetos de engenharia, de projetos arquitetônicos, que permitem que pessoas em países diferentes tenham interações muito produtivas. Temos profissões ligadas ao ambiente virtual, à tecnologia, programação de aplicativos, softwares, atividades que já indicavam que os deslocamentos na cidade não eram tão necessários. Acho que a pandemia vai acelerar a incorporação de novas rotinas de trabalho na vida das pessoas e elas vão perceber que muitos deslocamentos que eram feitos quase que por inércia, porque estávamos acostumados a fazê-los, se tornaram desnecessários.
Indo além da questão urbana, esse momento traz a reinvindicação de novos direitos. Hoje, muitos direitos sociais assegurados pela Constituição, como educação, saúde, lazer, proteção social, previdência, auxílios emergenciais, dependem de algo que ainda não incorporamos ao nosso ordenamento jurídico, que é o direito à internet. Acho que isso vai colocar a necessidade de pensarmos a internet como um direito. Porque a fruição de todos esses direitos vai depender de ter acesso a uma internet rápida, de qualidade.
Mauro Calliari
Administrador de empresas e Doutor em urbanismo e autor do blog Caminhadas Urbanas, no Estadão.
É cedo para dizer o que vai mudar depois da pandemia do novo coronavírus. Estamos no momento em que as mortes avançam, e o poder público claudica tanto em atender aos doentes como em estabelecer premissas para o futuro. O convite do pessoal do A Vida no Centro, porém, pode ser uma boa oportunidade de começarmos a pensar em cenários a partir de parâmetros.
Estabelecida a limitação deste raciocínio, no entanto, talvez seja possível já vislumbrar alguns cenários a partir de perspectivas de curto prazo, muito mais incerto e outra de longo prazo, supondo que a pandemia seja de fato superada e que as pessoas possam se encontrar de novo com a existência de uma vacina ou de uma grande imunização em massa. No curto prazo, existem impactos bastante prováveis em algumas frentes da vida urbana.
Em relação à mobilidade, por exemplo, existe uma probabilidade grande de as pessoas fugirem do transporte público em nome da segurança pessoal e buscarem abrigo no transporte individual. Isso pode ocasionar o retrocesso muito grande no equilíbrio da cidade multimodal. Como sabemos, o equilíbrio da mobilidade em São Paulo é muito frágil. Há uma parcela de aproximadamente um terço das pessoas que se movimenta através do automóvel, um terço em transporte público e um terço a pé, grosso modo, sem contar os deslocamentos a pé entre os transportes.
Outro problema é a preocupação com o meio ambiente, tanto num plano nacional como aqui na cidade. Todos constatamos o fato inesperado de podermos ver o azul do céu em São Paulo graças à redução da atividade econômica e a consequente poluição atmosférica. Também estamos vendo como é bom estar numa cidade com menos poluição sonora, possibilitada pela redução do trânsito de carros, ônibus e até aviões.
Acelerar a eletrificação da rede de ônibus, buscar a redução da emissão da frota de automóveis e motocicletas, incentivar a estrutura da mobilidade a pé. Como manter esses assuntos na pauta pós-pandemia, diante do provável desequilíbrio financeiro do estado e da falta de emprego? (Leia mais neste artigo do Mauro Calliari no A Vida no Centro).
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
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