Festas de fim de ano espalham Covid na bolha da classe média
Foi justamente na região do centro expandido, de classe média, com IDH alto, que a Covid mais cresceu nos últimos meses. Foto: Fotos Públicas
Spoiler: Bono e The Edge são donos de um hotel em Dublin, restaurado por eles em 1992 e que se tornou a âncora da renovação daquela parte da cidade. Conheça os bastidores da passagem do U2 pelo centro de São Paulo. Na foto, Lilian Varella, Bono, The Edge, Tom e Adam Clayton
O sociólogo Tom Dwyer, professor da Unicamp, é marido da proprietária do Drosophyla Bar, Lilian Malta Varella, e foi um dos anfitriões da banda U2 na passagem do grupo pela cidade, na sexta-feira, dia 20 de outubro. Neozelandês de origem irlandesa, ele conta neste texto, que escreveu para o projeto A Vida no Centro, como foi a passagem do grupo pelo centro de São Paulo. E sobre o que ficaram conversando enquanto os irlandeses tomavam uma cerveja no bar da Rua Nestor Pestana. Spoiler: Bono Vox e The Edge são donos de um hotel em Dublin, restaurado por eles em 1992 e que se tornou a âncora da renovação daquela parte da cidade.
Por Tom Dwyer
Em São Paulo os integrantes do U2 demostraram mais uma vez sua afinidade com as regiões centrais das cidades e metrópoles. Na cidade para a turnê Joshua Tree, no primeiro dia de folga que tiveram na capital paulista, na sexta-feira, dia 20 de outubro, passaram uma boa parte do dia na região central da cidade, na República.
Poucos sabem, mas Bono e The Edge são donos de um patrimônio histórico no centro de Dublin. Quando compraram o Clarence Hotel, em 1992, toda a região de Temple Bar estava em processo de recuperação de uma forte degradação urbana. Restauraram o hotel, montaram um belíssimo bar no subsolo e assim contribuíram com a recuperação da região, que hoje virou a principal opção de lazer na capital irlandesa para dublinenses e turistas.
Adam Clayton, o baixista do grupo, escolheu para almoçar a premiada Casa do Porco. Almoçou com um dos mais importantes artistas plásticos do mundo Ai Wei Wei – que tinha vindo a Sampa para a Mostra Internacional de Cinema.
O Edifício Copan – projetado por Oscar Niemeyer na década de 1950 e tombado pelo patrimônio histórico em 2012 – foi escolhido para uma canja e uma sessão de fotos. Os integrantes do U2 subiram até o terraço, de onde se avista toda a parte central da maior cidade no hemisfério sul, assim como o espigão da Avenida Paulista, o vizinho Terraço Itália, o Edifício Matarazzo e a Serra da Cantareira. Bono me contou que, lá do alto, ouviram as batidas de uma festa em algum lugar! Tocaram música e tiraram fotos até anoitecer.
Quando desceram uma van estava esperando para levá-los a outro patrimônio do centro, o bar Drosophyla, na rua Nestor Pestana, para tomar umas brejas e mais uma sessão de fotos. Porém, a festa que tinham ouvido lá do alto estava ainda a pleno vapor (era a Peruada, festa da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco), causando engarrafamentos e a viagem de 10 minutos de van arriscava se transformar em uma viagem de uma meia hora.
Explicamos ao chefe irlandês da equipe de segurança, que aguardava no bar, que se tratasse de qualquer ministro, embaixador ou chefe de estado que não fosse brasileiro, iríamos sugerir que fossem a pé do Copan até o bar. Dissemos que, ao contrário da má fama, a área era bastante segura, que tinha policiamento e excelentes estatísticas de segurança pública. Assim, o U2 abandonou a van e caminhou – Bono resolveu brincar que estava perdido e filmar tanto na Avenida São Luis quanto na Rua Nestor Pestana, o que rendeu mais que meio milhão de ‘likes’ no Instagram da banda.
Ao chegar no Drosophyla, saiu uma enxurrada de questões sobre a época de construção, os materiais e as madeiras usadas, e observações que só quem já restaurou um edifício histórico faria. Finalmente o U2, que tinha feito parte de nossas vidas, estava na ‘nossa casa’, muito anos depois da gente ter visitado o hotel e o bar deles em Dublin! Agradecemos jocosamente a reciprocidade da visita, tomamos cervejas e eles começaram a intercalar sessões de fotografias com questionamentos sobre a política brasileira, sobre ser dono de bar, nossas relações com Irlanda, e outras tantos assuntos. Foi tudo tão gostoso que a visita acabou se esticando além do tempo previsto…. Felizmente não perguntaram sobre os subsídios que o governo municipal ou federal deu para nosso esforço de restauro (ao contrário da política na Irlanda, nós não tivemos nenhuma ajuda!).
Muito simpáticos, inteligentes e sem nenhuma frescura, a impressão que ficou é de que compartilhamos vários dos mesmos valores – a valorização dos centros das cidades (apesar de todos seus problemas), o patrimônio histórico, o belo, uma boa conversa, uma geladinha (a brasileira Cerpa no caso) e a vida!
E também o Rock and Roll.
Leia aqui sobre o rolê do grupo no centro: U2 E BONO VOX NO CENTRO DE SP: ADIVINHA QUEM DEU UM PASSEIO NO DROSOPHYLA, COPAN, CASA DO PORCO, AVENIDA SÃO LUÍS…
Foi justamente na região do centro expandido, de classe média, com IDH alto, que a Covid mais cresceu nos últimos meses. Foto: Fotos Públicas
Patrimônio cultural de São Paulo ganha visibilidade com placas de memória espalhadas por toda a cidade. Saiba mais
Em pouco mais de 100 anos São Paulo se transformou numa cidade de construções de taipa em metrópole de concreto
Localizada na Barra Funda, a Casa Mário de Andrade, onde o multiartista viveu por mais de 20 anos, permite vivenciar a história do escritor
Com autorizações para calçada proibidas, restam poucos lugares para comer e beber ao ar livre no Centro. Veja a lista
Construída no começo do século 20, Vila Itororó tinha bailes e festas elegantes e teve a primeira piscina particular de São Paulo
Do Pateo do Collegio ao Copan e à Praça Roosevelt, um check list dos lugares para visitar no Centro de SP. Confira se você está antenado
Conheça a história do Parque Augusta: de colégio de freiras de elite a área disputada pelo mercado imobiliário
Esculturas em locais públicos permitem conhecer a obra de artistas famosos em um passeio pela cidade. Veja onde elas estão
A 6ª edição da São Paulo Tech Week, em 2020, teve 412 eventos em mais de 50 temas; o A Vida no Centro é parceiro
Uma homenagem à criadora da calçada que virou símbolo de São Paulo, Mirthes Bernardes, que morreu nesta sexta-feira (18 de dezembro de 2020)
Clique no botão abaixo para receber notícias sobre o centro de São Paulo no seu email.
Clique aqui não mostrar mais esse popup