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Associação dos Moradores da Roosevelt e retorno das Satyrianas à Praça Roosevelt são duas boas novidades para quem quer uma cidade aberta e democrática
No ano passado, escrevi que um grupo minoritário, mas com capacidade de articulação com os órgãos oficiais, havia sequestrado a voz dos moradores e imposto sua visão de mundo no Centro de São Paulo, especialmente na Praça Roosevelt. Uma visão higienista e preconceituosa, intolerante com a convivência social e negociações inerentes à vida em sociedade – especialmente no Centro de uma grande metrópole como São Paulo.
Com tradição ligada à cultura (foi um ponto de referência da Bossa Nova em São Paulo e cenário de vários filmes nos anos 1950 e 1960) e à boemia, a Praça Roosevelt passou por um período de decadência no fim do século 20, quando virou um local abandonado e perigoso. Só foi resgatado como um espaço de convivência cidadã nos últimos anos, graças à ação dos teatros e dos bares e restaurantes que ali se instalaram e dos skatistas, que ajudam a manter a praça como um local seguro para quem mora ou caminha pela região.
Ainda assim, a pressão de um grupo de moradores intolerantes, com argumentos preconceituosos – “eles não moram aqui, por que não ficam lá no bairro deles”? – conseguiu a proibição de qualquer atividade na praça. De qualquer tipo, a qualquer hora do dia.
Duas novidades, nos últimos dias, mostram que isso está prestes a mudar. A Praça Roosevelt pode voltar a ser um ponto de encontro de moradores e visitantes do Centro, um local para passear com o cachorro, ensinar os filhos a andar de skate ou bicicleta, namorar ou se encontrar com os amigos, tomar um café ou uma cerveja nas mesinhas que aproveitam a agradável sombra das árvores. E, em alguns dias, também ver performances artísticas.
A primeira novidade é a formalização de uma Associação dos Moradores da Praça Roosevelt. Presidida por Fernando Mazzarolo, a associação tem como objetivo promover a convivência harmônica entre os moradores e os frequentadores da praça, sejam estes moradores ou não do local. Ao mesmo tempo, quer estimular os cuidados com a praça enquanto espaço público, envolvendo moradores e visitantes com a melhoria na limpeza e manutenção dos equipamentos públicos.
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Em uma primeira reunião como prefeito regional, Eduardo Odloak, foi solicitado – e aceito – lixeiras mais adequadas ao grande número de visitantes que o local recebe nos fins de semana. Nos próximos dias, você vai ver aqui uma entrevista com Fernando para detalhar o papel da associação (que tem o apoio do A Vida no Centro) como promotora de uma praça democrática, cultural e acolhedora, onde as diversas atividades culturais e de lazer convivam em harmonia e em respeito ao descanso dos moradores.
A segunda novidade é a volta do Satyrianas à praça. No ano passado, um decreto do prefeito João Doria proibiu qualquer tipo de evento na Roosevelt, em qualquer horário do dia. E o Satyrianas, um evento organizado pela companhia de teatro Os Satyros desde 2000, pela primeira vez em 18 anos só teve atividades dentro dos teatros e nada da programação infantil, gratuita, que costumava ocupar a praça durante o dia.
A mudança foi acertada numa reunião do prefeito Bruno Covas com o produtor cultural Alê Youssef, do bloco de carnaval Baixo Augusta, e do cofundador dos Satyros Ivam Cabral. “O Brunos Covas foi muito legal, teve abriu o diálogo e nos ouviu. É muito importante essa disposição para a interlocução”, contou Ivam Cabral ao A Vida no Centro. O prefeito vai editar uma portaria criando uma exceção para eventos que façam parte do calendário oficial da cidade ou do Estado. É o que acontece na Avenida Paulista, por exemplo, com a Parada do Orgulho LGBT.
O sinal verde da Prefeitura já animou os organizadores do festival, que foi marcado para os dias 11 a 14 de outubro – são 72 horas de programação ininterrupta, com centenas de apresentações de teatro, música, dança, circo, palhaços e outras manifestações artísticas, em apresentações pagas ou gratuitas, em diversos teatros e também – de novo – ao ar livre.
O tema não podia ser mais adequado: Satyrianas do Amor. “Não vamos falar apenas do amor romântico, mas amor à cultura, amor ao teatro, amor à cidade, amor ao refugiado, amor aos animais”, conta o coordenador do evento, Gustavo Ferreira. A programação na praça vai no máximo até dez da noite. Sem fogos de artifício para não assustar os animais e com bailinho do amor, na madrugada, em algum dos espaços fechados. Para que todos possam curtir durante o dia, e à noite escolher o que mais convém: descanso para quem é de descanso, balada para quem é de balada. E, para todos, uma cidade com o espaço compartilhado.
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