A Vida no Centro

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Mapa do coronavírus em São Paulo é retrato das desigualdades sociais

Inquérito sorológico traz o mapa do coronavírus em São Paulo e mostra que pretos e pobres têm maior prevalência da doença

O terceiro inquérito sorológico realizado pela prefeitura de São Paulo no dia 13 de julho e divulgado nesta terça-feira, dia 28, mostra o mapa do coronavírus em São Paulo. Os dados mostram que 11,1% da população da cidade já foi contaminada e tem anticorpos para a Covid-19. O índice é superior aos dois estudos anteriores, realizados no fim de junho e início de julho, que mostravam taxas de contaminação de 9,5% e 9,8%. O estudo mostra que o 1,32 milhão de moradores na cidade já tiveram contato com o vírus, dos quais 40% sem qualquer sintoma.

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O estudo é feito com a metodologia usada em pesquisas de opinião, com uma amostra que representa o total da população, o que permite estimar a prevalência da cidade, mesmo sem testar a população total. Os profissionais de Saúde visitaram 5.760 domicílios e testaram 2.328 pessoas,

Em relação às regiões da cidade, a Centro-Oeste é a que tem menor prevalência, de 3,7% – menor do que nas pesquisas anteriores. Na região Sul, a taxa é anticorpos é de de 16,1%.

Retrato da desigualdade

O inquérito sorológico mostra também que a doença atingiu grupos sociais de maneiras diferentes, num retrato da desigualdade socioeconômica da cidade. A Covid-19 atingiu mais os pretos e os mais pobres, e muito mais os que tiveram que sair de casa para trabalhar.

“O vírus está jogando luz sobre a desigualdade que nós temos na cidade de São Paulo. É quatro vezes maior a incidência do coronavírus na classe D do que na classe A. Quem é mais pobre tem mais chance de pegar o vírus”, disse o prefeito Bruno Covas na entrevista online.

O prefeito Bruno Covas anunciando o resultado do terceiro inquérito sorológico em São Paulo

Enquanto a média é de 11,1%, entre a população que tem apenas o ensino fundamental, a prevalência é de 16,4%, entre os de cor parda e pretos é de 14,1% e entre a população da classe C é de 17,7%.

Máscara e distanciamento

A pesquisa também mostra a eficácia do isolamento social e do uso de máscara para evitar a doença. A taxa de contaminação foi de 8,5% para quem fez isolamento e de 25% para quem não fez. O mesmo vale para o uso da máscara. Entre os que usam sempre, a taxa ficou em 9%, entre os que usam a maioria das vezes é de 9% e entre os que não usam, salta para 30,5%.

O prefeito Bruno Covas ressaltou a importância da proteção para evitar o vírus. “A prefeitura vem fazendo campanha insistindo na importância do isolamento e do uso de máscara. Pega três vezes mais em quem não fez o isolamento. O mesmo vale para o uso de máscara. A contaminação é três vezes maior em quem não usa”, afirmou.

Outro dado preocupante, segundo o prefeito, é alta incidência entre a população com mais de 65 anos, justamente a parcela com maior vulnerabilidade da doença. Nessa faixa etária, foram encontrados anticorpos em 13,9% dos testados.

“Isso é um dado perigoso, mostra que precisamos reforçar a atenção com a nossa população idosa que te mais chances de ter óbito quando pega o coronavírus”, disse o prefeito.

A diferença entre o número de casos confirmados na cidade, 207,9 mil – para uma estimativa de 1,32 milhão que já tiveram a doença – se deve, na avaliação do secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos, ao grande número de assintomáticos, que descobriram que tiveram o vírus apenas pelo teste e por isso não procuraram os serviços de saúde. “Já foram feitos 700 mil testes na cidade, mas não temos como testar 12 milhões de pessoas toda semana. Por isso fazemos esses inquéritos para identificar os distritos com maior número de casos e fazer políticas públicas”, afirmou o secretário.

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Denize Bacoccina

Denize Bacoccina é jornalista e especialista em Relações Internacionais. Foi repórter e editora de Economia e correspondente em Londres e Washington. Cofundadora do projeto A Vida no Centro, mora no Centro de São Paulo. Aqui é o espaço para discutir a cidade e como vivemos nela.