Viaduto Santa Efigênia passa por reforma. Prefeitura diz que vai manter desenho do mosaico do piso
Pastilhas estão sendo retiradas e serão trocadas por outras semelhantes, segundo nota oficial da Prefeitura de São Paulo.
Prefeito regional Eduardo Odloak quer parcerias com empresários para que invistam e criem um novo polo de entretenimento e gastronomia no Centro Histórico de São Paulo, com bar e balada no Anhangabaú
Denize Bacoccina
Com poucos recursos e equipe insuficiente para dar conta da enorme demanda da região pela qual é responsável, o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak quer incentivar o setor privado a fazer os investimentos necessários para transformar o centro antigo numa região com movimento além do horário comercial, o que estimularia a economia e levaria a uma maior sensação de segurança no local.
A ideia é estimular os bares a funcionar até mais tarde no centro velho (região que fica entre a Sé e o Largo São Bento), onde não tem moradores para se incomodar com o barulho, além de criar parcerias para montar um bar no interior do chafariz desativado no Vale do Anhangabaú e uma balada no antigo espaço do museu do Teatro Municipal, na Praça Ramos, junto ao Viaduto do Chá.
“Duas coisas são centrais: iluminação e videomonitoramento”, diz o prefeito regional sobre um plano para transformar o centro histórico num novo polo de entretenimento e gastronomia no Centro, sem prejuízo no polo que já vem se formando, nos últimos anos, na região da República.
Prefeito regional da Sé desde o início do ano passado, o gabinete de Odloak fica bem no coração de São Paulo: entre a Praça da Sé, de um lado, marco zero de São Paulo, e o Pátio do Colégio, local oficial de nascimento da cidade. A Regional da Sé é grande, e além da Sé e da República, inclui bairros como Bom Retiro, Bela Vista, Consolação, Liberdade e Cambuci. Nesta região moram 430 mil pessoas, e cerca de 3 milhões circulam por ela diariamente.
Nos próximos dias, Odloak deve assinar uma portaria liberando alguns eventos na Praça Roosevelt, entre eles a Satyrianas, marcada para outubro, inaugurando uma nova etapa na relação entre o Poder Público e a sociedade.
Acompanhe a entrevista:
A Vida no Centro – Como está o projeto de reforma do Largo do Arouche?
Eduardo Odloak – Quem está conduzindo isso é a Secretaria de Obras e o SP Urbanismo. Eles estão definindo agora o roteiro de obras, os ajustes que precisam ser feitos no projeto. Um dos pontos é a elevação do nível da rua, que ficará no mesmo nível da calçada. Os ônibus não vão mais passar por lá. Essa é a única mudança de fato, para integrar a praça às calçadas. As bancas também terão um novo desenho, com uma estrutura metálica, e terá saída para os dois lados.
Qual será o custo?
Já ouvi 3 milhões de reais, 2 mihões e pouco. É um projeto que começou com uma fortuna e depois foi caindo. Vai ser pago por um grupo de 35 empresas francesas, articuladas pela Câmara de Comércio Brasil-França.
E sai este ano?
Era para ter começado já. E deve ficar pronto em 4 ou 5 meses.
No Diálogos A Vida no Centro você anunciou um projeto de economia noturna no Centro Velho. Como é esse projeto?
Eu fui subprefeito na Mooca, e ali era muito visível o conflito entre o uso residencial e o uso noturno, especialmente de balada e bares. Tivemos que fechar muitas baladas grandes lá, muitas no Tatuapé, porque incomodavam os moradores. Sempre tem um conflito muito grande quando existe essa combinação. Mesmo no Baixo Augusta tem esse conflito. O que acontece neste espaço (região da Sé, no Centro Velho)? Isso aqui é uma ilha. As ruas são em formato orgânico, portanto o som não se espalha. Ele sobe e como não tem moradores não vai causar incomodidade alguma. No Carnaval teve um bloco que saiu às onze e meia da noite e ficou até de madrugada e ninguém reclamou. Não é tirar o pessoal do Centro Novo, que é onde temos o que tem de melhor em gastronomia hoje na cidade. É criar uma outra área. Estamos falando de um local onde podemos ter uma experiência diferente na cidade em relação a incomodidade.
Seria uma rua 24 horas?
Temos que ver até onde as pessoas estão dispostas a ir. Conversamos bastante com comerciantes aqui. Precisamos ver essa questão de metrô, temos estacionamentos que fecham cedo. Já pedimos um estudo à SP Trans para ver se conseguimos criar um bolsão de estacionamento. Temos que ver até que horas podemos avançar. Hoje em dia na sexta-feira já temos muito movimento até onze da noite. E bares que, mesmo com música ao vivo, não causam incomodidade. Temos que ver qual o limite que conseguimos avançar.
E qual é o plano? Hoje os bares já podem ficar abertos até uma da madrugada, mas nesta região não ficam porque não tem movimento.
A ideia é incentivar a ter mais movimento. E aqui eles poderiam ficar até mais tarde. A Ilume já fez um plano de iluminação, que é predominantemente privado. Ou seja, não apenas a iluminação pública, mas as fachadas dos estabelecimentos ajudando a iluminar os espaços. Mas tudo com um padrão. Na Rua João Brícola, a B3 já aumentou a iluminação. Estão aumentando também na Rua do Comércio, ligando o Largo do Café à Praça Antonio Prado. Estamos conversando com essas instituições e empresas para que elas participem. Duas coisas são centrais: iluminação e videomonitoramento. Já temos as câmeras. Vamos fazer as parcerias com os estabelecimentos para que eles não apenas instalem as câmeras, mas também coloquem os vídeos online no City Câmeras. Isso é importante para que a Guarda e a Polícia Militar também tenham acesso às imagens. Se estiver tudo interligado, quando alguém comete um crime é mais fácil que ele seja identificado. Fizemos isso quando houve a pichação no Pátio do Colégio, mas tivemos que pedir as imagens para cada um. Se estiver tudo integrado, é muito mais rápido. E com isso conseguimos ter uma sensação de segurança muito maior. Porque os números de ocorrências são baixos, mas a sensação de segurança não. Também estamos estudando o aumento da Guarda, ver se vai ser possível. Vamos ter uma reunião com todos os envolvidos para identificar outros pontos que sejam importantes.
E já tem alguma empresa importante, algum bar grande, que esteja disposto a vir para cá?
Vamos ter que começar a chamar a atenção para isso. Um dos pontos para o qual temos levamos muitos potenciais interessados é o Anhangabaú. Temos um projeto para o chafariz que está desativado, na Avenida São João, no meio do Anhangabaú. Ali embaixo tem estrutura para um bar. Queremos fazer uma parceria com alguém que possa explorar o local e como contrapartida fazer as melhorias necessárias, como o chafariz funcionando.
E como está isso?
Já conversamos com o pessoal que está com o Mirante, com o pessoal que está com o Teatro Municipal, conversamos com o pessoal do Bar Brahma. Todos acharam muito interessante, mas ninguém ainda deu um passo para frente. Se alguém se encorajar vamos abrir um chamamento público. Ali tem uma boa estrutura, com cozinha, banheiro. Tem que ter uma empresa com capacidade para fazer os restauros necessários. Não dá para pegar um recurso público e fazer uma reforma. É preciso uma manutenção permanente. É igual à Praça Ramos.
E como está a Praça Ramos? Com frequência eu vejo o chafariz parado. O grupo de empresas italianas não ia cuidar?
Eles iam, mas houve vários desentendimentos com o pessoal do patrimônio e eles acabaram recuando. E ali sempre entope com os sacos plásticos que as pessoas jogam. A Prefeitura Regional que está cuidando. Outro projeto é a Galeria Formosa, que é o espaço embaixo da rua no cruzamento entre o Shopping Light e o Teatro Municipal. Se a gente conseguisse uma parceria para esta área, poderia explorar como um espaço de eventos, ou até uma balada. Ali é do Teatro Municipal, mas já conversamos com a Secretaria de Cultura e eles concordam. O problema é que temos um nível de tombamento alto e isso dificulta as obras. Por exemplo, é preciso ter mais banheiros, e é preciso ver se é possível dentro do tombamento. Eu sou favorável a isso. Já tivemos um evento lá no ano passado e eles deram uma arrumada no local. Nós podemos fomentar aqui, mas o investimento tem que ser privado. Fico imaginando o Vale do Anhangabaú com telas de cinema, cheio de eventos. Ali tem que ser um lugar da cidade.
E quanto tem evento fica muito cheio, as pessoas querem.
Sim, e tem o transporte perto. A ideia é ter os estabelecimentos que cuidem do local. Fazer essas parcerias é chave nisso. Estamos trabalhando com isso. Temos uma lei que permite conceder um TPU (Termo de Permissão de Uso) provisório para que a pessoa cuide do local. Já fizemos isso no Bom Retiro, com a comunidade. Vão colocar uma barraca e em contrapartida cuidar da área. Além de desonerar o Poder Público faz com que a comunidade participe mais. Já tivemos no passado TPUs que a pessoa põe uma Kombi, vende o pastel e não só não contribui como deixa a sujeira quando vai embora.
E não tem punição para isso?
Tem, mas tem que flagrar, tem que pegar três vezes. Tem lei, mas é difícil. Uma dificuldade muito grande que temos no Centro é essa questão do lixo.
Esse é o maior problema do Centro. Por exemplo, na Praça Roosevelt, não tem lixeira suficiente para o número de pessoas que frequentam a praça nos fins de semana. Mesmo que a pessoa quiser, ela não tem como jogar na lixeira porque elas não dão conta.
Nós vamos começar um projeto com um contêiner na região da Paulista. E aqui no Centro vamos ter um grande desafio porque não tem lugar para colocar contêiner. Essas ruas são estreitas.
E tem um plano para isso?
Essa é uma questão que nós vamos ter que discutir com a Emurb e temos que discutir uma estratégia que dê conta desse novo uso. Aqui esse problema é menor, mas na região do Teatro Municipal, República, Roosevelt, 24 de Maio tem muito lixo de pequenos bares e restaurantes. Eles são obrigados a contratar uma empresa para fazer a retirada e eles até contratam, porque a gente fiscaliza se eles têm contrato. Mas geralmente eles contratam muito aquém do volume que geram realmente de lixo e o resto eles jogam em qualquer lugar.
Todos os bares são obrigados a ter uma coleta privada?
Qualquer empresa que produzir mais de 200 litros por dia. Praticamente todos os bares e restaurante produzem isso num dia. Quando a empresa se caracteriza como grande gerador ela não pode de maneira alguma colocar o lixo na rua. A coleta deve ser de dentro do estabelecimento. Ele não pode ter o lixo na calçada. E o pior é que alguns colocam longe do estabelecimento. Às vezes ele paga um carroceiro que joga mais longe. Fizemos uma fiscalização na Rua 25 de Março e tinha Burguer King, tinha franquias de marcas enormes. É um absurdo que joguem o lixo na rua. Temos um desafio grande que teremos que trabalhar. Qual é a responsabilidade de cada um. Quem é grande gerador sabe, mas a maioria das pessoas tenta driblar.
Outro problema muito grande no Centro são as calçadas. De um ano para cá, os buracos só aumentam, criando um risco muito grande inclusive de quedas.
Há oito anos vem caindo o número de equipes de manutenção, e hoje nós estamos no mesmo patamar. O problema é que tem uma degradação muito maior. Essas ruas do calçadão, com mosaico português, não foram feitas para passar carros. Em Portugal tem o mosaico português, mas é feito com pedras muito maiores. As nossas são pedrinhas pequenas, batidas na mão. O pessoal passa cabo de fibra ótica a dois dedos das pedras. Toda hora temos a intervenção das concessionárias. São 27 concessionárias que têm serviço aqui.
O problema é geral. Não só nas calçadas de mosaico português, mas também as outras.
Aí o problema não é nosso, mas do proprietário.
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Mas a Prefeitura não deveria, já que ela fez a lei que dá a obrigação ao proprietário de cuidar da sua calçada, fazer cumprir a lei?
O certo seria o Poder Público fazer. Quando foi feita a lei da acessibilidade, permitiram que a Prefeitura Regional fizesse as calçadas de vias estruturais: áreas de muito movimento que são locais de muito tráfego e precisam estar com a calçada impecável. Nesses locais quebra tudo, faz um nivelamento. Tem um olhar do pedestre. Quando deixa o indivíduo fazer, ele prioriza o acesso do carro dele para a rua e faz o nivelamento para o carro.
Só que no Centro as pessoas andam a pé.
Sim, é o que conecta os outros modais. Temos um milhão de pessoas andando a pé por dia. Ruas com a Rua Direita tem 5 mil pessoas passando por hora. E as concessionárias geram buracos diariamente.
E eles podem fazer isso?
Eles pedem autorização, arrumam e às vezes podem ficar com a obra. Só aí que podemos verificar se o serviço foi bem feito ou não. Chegamos a ter empresas com mais de R$ 1 milhão em multas porque o serviço foi uma porcaria. Mas a empresa recorreu e o serviço continua mal-feito. No prédio que desabou, fizemos a calçada. No dia seguinte uma concessionária foi lá e quebrou.
E enquanto isso as pessoas podem cair.
Digamos que você fez a sua calçada e ficou bonitinha. De repente passa lá um fiscal e tem um buraco. A multa vai para você. De repente não foi você, foi uma concessionária. Aí você tem que recorrer e explicar que foi uma obra. Essa coisa do privado cuidar tem um problema muito sério. Muitos dos danos nem são por culpa do proprietário. E tem outro problema: você notifica o proprietário, mas ela será entregue para quem está lá, que normalmente é o inquilino, que nunca avisa o proprietário desta multa.
Mesmo em frente a comércios bem-sucedidos a gente vê esse descaso.
Exatamente E as notificações vão para o proprietário, que nem sempre fica sabendo. Por isso temos muitas multas, mas os resultados são baixíssimos.
E quantas equipes vocês têm para cuidar das áreas públicas?
Temos três equipes, mas já tivemos muito mais do que isso. O cobertor é curto, por isso essas parcerias são importantes. Também estamos conversando com a B3, que tem outros parceiros, para refazer a calçada. Tirar o mosaico português e colocar placas de concreto. É fácil para consertar quando for preciso fazer obra. Depois de dez dias já nem parece que houve um remendo. É muito mais realista para o nosso uso. A execução vai ficar com a Viva o Centro.
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