A Vida no Centro

Beto Lago - Mercado Mundo Criativo
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Beto Lago: Mundo Criativo será o hub da economia criativa no Centro de SP

Produtor Cultural Beto Lago fala da evolução do Mercado Mercado Mix, criado por ele na década de 1990 e que lançou a tendência de feiras de moda e estilo, para o conceito do Mundo Criativo, que será lançado em parceria com A Vida no Centro na Bela Vista

O produtor cultural Beto Lago, criador do Mercado Mundo Mix, feira de moda, estilo e design lançada na década de 1990, é o convidado de Denize Bacoccina e Clayton Melo neste episódio do PodCentro, o podcast do portal A Vida no Centro em parceria com a SP Escola de Teatro.

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No programa, Beto fala sobre, entre outros assuntos, de seu novo projeto, o Mercado Mundo Criativo, hub de economia criativa lançado em parceria com o A Vida no Centro, no Centro de São Paulo. Ele relembra também como surgiu a região do Baixo Augusta, em São Paulo, e reflete sobre as transformações da noite paulistana. O evento de lançamento do Mundo Criativo será no dia 9 de fevereiro, no Complexo #9, novo espaço esportivo e cultural na Bela Vista. A segunda edição da iniciativa já está marcada: dia 4 de abril.

Clique abaixo para ouvir o podcast na íntegra, ou siga o PodCentro no Spotify.

A seguir, os principais trechos da conversa com o produtor cultural Beto Lago:

Mundo Mix – como tudo começou

Lá nos anos 1990 havia uma necessidade de uma série de coisas, e que agora também. O empreendedorismo individual, a economia criativa, você fazer o que gosta. O Mundo Mix surgiu como um anseio pessoal meu e da minha turma. Percebemos que faltavam locais para as pessoas mostrarem a sua diversidade, o seu trabalho.  Naquela época não existia internet, não existia um lugar onde a pessoa pudesse ver algo diferente. A mídia pautava tudo. Não havia condições, como hoje, de a pessoa se lançar sozinha. A divulgação era por flyer. Era a verdadeira rede social. O mundo não aceitava pessoas como eu, com a diversidade que eu represento.

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Negros, periferia, gay, grafite, tudo o que não estava no mainstream foi parar no Mundo Mix. A gente virou uma plataforma de tudo o que era diferente. Aí a mídia mostrava e depois ia para o mainstream. Foi o primeiro evento a tratar da diversidade sexual. Foi uma plataforma e um murro na cara de todo mundo. Foi bem rebelde e continua sendo até hoje. Ele foi lançado em 1994 e em 1995 já estava no Rio de Janeiro e depois no Brasil inteiro. No começo dos 2000 fomos convidados a ir para Portugal, e hoje todo mundo sabe que Lisboa é a nova capital da economia criativa da Europa.

Do Mundo Mix saíram Chilli Beans, Alexandre Herchcovitch, Marcelo Sommer, Cavallera, Mario Queiroz, André Lima. Praticamente todo mundo da São Paulo Fashion Week no auge começou no Mundo Mix.

Mercado Mundo Criativo

A gente deixa o Mix nos anos 90 e parte para o Mundo Criativo. Agora é o momento do empreendedorismo e da economia criativa. De ter um hub fixo. Ele começa uma vez por mês, mas a ideia é ter uma nova Benedito Calixto aqui no Centro. Vai ser um local bem interessante.

Apesar de ter aparecido várias feiras, vários eventos, faltam lugares fixos, com boa curadoria e com tudo aquilo que envolve economia criativa. Vamos ter o festival de rock, gastronomia, a feirinha do Museu da Diversidade. Não tinha ainda um local que juntasse tudo isso. Falta para este criador que está bombando online um ponto de encontro. O que faz uma marca crescer é a diversidade de público e as diferentes opiniões em cima do produto. Este tipo de evento volta a ser tendência quando você envolve tudo.

Complexo #9

É um lugar muito importante. O primeiro projeto de ocupação embaixo de viaduto. Além da inserção social por conta do esporte, vai ter toda essa parte de economia criativa. Estamos unindo a Augusta com o Bixiga. O Centro fica um pouco mais expandido.

Hub do Centro

Essa parceria com o A Vida no Centro é para mostrar tudo o que acontece no Centro. Vocês são a voz positiva de tudo o que acontece no Centro. E queremos que seja uma plataforma de tudo de legal que acontece no Centro. Queremos consolidar essa parceria e essa localização no Centro.

Criação do Baixo Augusta

Eu fiquei em Portugal de 2001 a 2012, e quando eu estava lá fiquei com vontade abrir um bar e abri o Sonique, na Augusta. Já havia alguns outros na região. Era um projeto da Tryptique (escritório de arquitetura). A nossa vinda trouxe um grande investimento. Aí eu falei: vamos chamar de Baixo Augusta. E a partir daí virou Baixo Augusta. São coisas que a gente faz não pra gente, mas para a cidade. O bloco de carnaval também começou ali, a gente esteve nos dois primeiros anos. Tudo ali se formou em volta da economia criativa. Olha como um empresário de economia criativa pode mexer com a cidade. Depois tudo virou baixo. Mas a gente foi o primeiro.

A noite de São Paulo. O que mudou?

Acho que não nem é uma questão de geração. Eu sou o presidente da Anep, que reúne as principais casas noturnas da cidade. Vamos até fazer uma pesquisa para mostrar como é e quanto vale a noite paulistana. Mudou muita coisa. Antigamente você saia na noite pra paquerar, hoje você tem o Tinder. Você saia pra conhecer pessoas, hoje você tem as redes sociais. Você saia pra jantar fora, hoje os melhores restaurantes entregam. A noite não é mais a única opção, é mais uma. Hoje tem bares que não vendem bebida alcoólica, as pessoas gostam de uma day party, as casas de show estão voltando com tudo, a MPB. Teve um momento em que a tecnologia tirou as pessoas da noite mas agora estão voltando com tudo. Estamos percebendo que falta convívio. Todo o meu trabalho é pra fazer as pessoas saírem de casa, da sua bolha. As pessoas estão saindo mais cedo, durante o dia. A ocupação do espaço público. Outra questão que enfraqueceu a noite é a violência. Aqui em São Paulo ainda é melhor, mas a noite do Rio morreu por causa da violência. A noite era underground, hoje ela não é mais. Faz parte da imagem de uma cidade.

Portugal

O Mundo Mix foi o primeiro evento a falar de economia criativa num país que não tinha mais indústria, que não tinha mais emprego. Eles viram que ali tinha um caminho e investiram nisso. Só que Portugal tem 10 milhões de habitantes. É menor do que São Paulo.

Distritos de economia criativa

Eu elaborei este projeto em 2014, quando fui assessor de um vereador na Câmara. Fico feliz que agora vai sair do papel. O Centro é o lugar ideal para isso.