Igreja Santa Ifigênia: conheça a história da Basílica da Imaculada Conceição
O guia de turismo Laércio Cardoso de Carvalho fala sobre a história da igreja Santa Efigênia, que é oficialmente uma basílica.
Em entrevista ao A Vida no Centro, Orlando Faria, secretário municipal de turismo de São Paulo, explica o que é, qual o impacto e como vai funcionar o Triângulo SP
Por Denize Bacoccina e Clayton Melo | Local de nascimento de São Paulo, o Centro Histórico recebe por dia 600 mil pessoas, que entram por um dos 14 acessos ao calçadão entre as ruas Boa Vista, Praça da Sé e Largo São Bento – a maioria a pé. O problema é que à noite e nos fins de semana o local fica bastante vazio, já que praticamente não existem prédios residenciais nesta região. O esvaziamento leva a uma sensação de insegurança, que acaba afugentando os possíveis visitantes interessados nas – inúmeras – atrações do local. Para combater este problema, a Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo elaborou o Triângulo SP, um projeto de turismo para aumentar o fluxo de visitantes nesta região.
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“Não é uma revitalização urbanística”, diz ao A Vida no Centro o secretário municipal de turismo, Orlando Faria. “É um projeto de turismo.” Com isso, ele reconhece que as necessidades da região central são muito mais complexas do que o projeto contempla, mas acredita que a transformação do Centro Histórico num destino turístico tem potencial de mudar toda a região, a partir do aumento do número de visitantes, tanto turistas de fora quanto de moradores de outros bairros de São Paulo.
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O projeto, conta o secretário, nasceu logo que o prefeito Bruno Covas assumiu o cargo, em abril de 2018, e pediu ao então secretário-executivo a elaboração de um projeto para incentivar o turismo no Centro. Durante meses, Orlando Faria conversou com 14 secretarias ou órgãos do governo e fez mais de 100 reuniões com pessoas de dentro e fora do governo até lançar o plano.
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Com o projeto pronto, a Secretaria do Turismo procurou o Ministério do Turismo, e conseguiu R$ 28 milhões para melhorar a infraestrutura da região. O Triângulo SP prevê melhoria das calçadas, reforço da iluminação e aumento da segurança no calçadão, além da reabertura do Mirante do Martinelli com visitas guiadas e uma licitação para a instalação de um restaurante e café no terraço, um reivindicação tanto de moradores quanto de turistas que visitam a capital e gostariam de olhar a cidade de cima. “Para ser um destino turístico é preciso ter várias opções. O fato de hoje ter diversas atrações faz com a experiência do turista seja diferente. Um dia ele vem para ir ao Martinelli. Outro dia ele vem para ir ao Bar do Cofre, depois ao Bar dos Arcos. Começa a criar um público fiel que vem para várias atividades diferentes”, diz.
Veja galeria de fotos do mirante do Martinelli:
A Vida no Centro – Como vai funcionar o Triângulo SP?
Orlando Faria –É um projeto de turismo. Ele não pode ser confundido com revitalização urbanística. O objetivo é transformar o Centro Histórico num destino turístico. As grandes cidades turísticas do mundo normalmente têm o seu centro como destino de passeio, compras, para caminhar. Entre os objetivos específicos está a intenção de transformá-lo num museu a céu aberto, com passeios culturais, onde as pessoas possam desfrutar mais da história de São Paulo. E também ativar a região no período noturno e no fim de semana. 600 mil pessoas passam pelo calçadão diariamente. Mas a partir das 18h, 19h ou 20h em diante o povo some. E a vida no centro, no triângulo, desaparece. Então queremos dar vida à noite, transformando a região num destino turístico. O Centro Histórico não é degradado. O objetivo é ter mais um destino de turismo em São Paulo. Pense numa pessoa que vem participar de uma feira de negócios, que acontece muito de segunda a quinta-feira. Em um dos dias à noite ela não tem o que fazer. Então poderá ir ao Centro Histórico.
A Secretaria tem um levantamento de quantos turistas o Centro Histórico de São Paulo recebe?
Ainda não, mas pretendemos fazer uma pesquisa para identificar, por exemplo, quem vem fazer turismo de compras. Temos, por exemplo, a Rua 25 de Março, a Rua do Ouro, que já são produtos turísticos. Assim como a Rota da Fé, com as igrejas.
O Triângulo SP nasce do trabalho entre vários órgãos. Como é esse feito esse gerenciamento?
O primeiro ponto é que ele nasce de uma vontade do prefeito Bruno Covas, que se formou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Antes de ser prefeito, a gente ia almoçar e andava pelo Centro, e ele já queria um projeto interessante para o Triângulo. De maio a 28 de agosto de 2018, quando apresentamos a primeira proposta para o prefeito, fizemos mais de 30 reuniões internas e externas, com entidades como Viva o Centro, Associação Comercial, uma associação do Triângulo Histórico, Renova Centro. Todas as secretarias tinham algum projeto para o Triângulo, cada uma pensava de uma maneira. Basicamente juntei todas as ideias convergentes. Ao final da primeira rodada de conversas, percebemos que 80% dos itens apontados eram condizentes entre si. Um dos pontos identificados foi a cultura do medo. As ocorrências são mínimas no Triângulo, mas existe a cultura do medo.
Pode dar um exemplo prático de ação que pode ser provocada por essa articulação?
Vamos falar de algumas mais relevantes. A gente precisa trocar o calçadão. Quem faz o projeto é a SP Urbanismo, quem executa é a Secretária de Subprefeituras e quem coordena é a Secretária de Turismo. Tem também o projeto de iluminação, um projeto da Ilume que vai utilizar recursos do Ministério do Turismo. Tem a Segurança Urbana fazendo o processo de segurança, a Assistência Social fazendo um trabalho mais qualificado de abordagem social no Centro Histórico. Temos também a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho propondo a criação do polo de economia criativa. A Secretaria da Cultura preparando um plano de incentivo para a restauração dos prédios tombados e cuidando dos roteiros culturais, as visitas e os eventos. Um dos nossos eixos é ter eventos temáticos contínuos. Uma vez por mês ou a cada dois meses ter grandes eventos para convidar as pessoas que não conhecem o Centro Histórico a vir e perceberem que não tem perigo de segurança, que é um lugar maravilhoso. Depois de apresentarmos para o prefeito, mostramos o projeto para o ministro do Turismo, que comprou a ideia.
Já tem um cronograma definido para a implantação do Triângulo SP?
A SP Urbanismo vai apresentar ainda em abril um projeto básico já com o orçamento para licitar. Este projeto será enviado ao Ministério do Turismo para que liberem os recursos. Estimamos entre 30 e 60 dias para eles avaliarem e pedirem novas documentações. Depois da liberação por parte do Ministério, passamos para a fase de licitação, que é algo relativamente simples. Calculamos que entre agosto e setembro de 2019 comecem as intervenções urbanas de fato, como calçadão e iluminação.
O Ministério do Turismo está envolvo em polêmica. Os recursos estão garantidos mesmo se mudar o ministro?
Tem um convênio assinado, já empenhado. O contrato com a Caixa foi assinado em dezembro. Tem uma cláusula suspensiva no contrato que exige o projeto para poder liberar o recurso. Só isso.
A programação cultural também começaria só em agosto ou setembro?
Não, isso já começa antes. Já temos um evento programado, um encontro de carros clássicos no Centro Histórico. Um projeto bem interessante, que conversa com o Centro Histórico. Uma das propostas é colocar os carros antigos na frente do Theatro Municipal, com bandas com repertório de época. As datas previstas são 31 de maio, 1 e 2 de junho.
Há algum outro evento já em preparação?
Outro projeto, ainda sem nome definido, deve ser em julho. É um tipo arraiá, festa julina ou quermesse envolvendo as cinco igrejas da região – Sé, São Bento, Pateo do Collegio, São Francisco e Santo Antônio.
Como vai ser o projeto do Martinelli?
A ideia é criar ali um observatório, um terraço, que além do restaurante e do café, tenha alguma coisa cultural. Um pequeno museu, com a exposição da história do Martinelli. A SP Urbanismo está fazendo o termo de referência para a concessão, que será lançada em abril.
Vai haver visitas antes da concessão?
Vamos abrir em abril, com monitores da SP Turis, como foi feito no fim de 2018. Queremos focar no horário noturno. Gostaria de abrir depois do almoço e ficar até o período da noite. Parte do projeto é buscar âncoras. O Martinelli é uma âncora sensacional, assim como o Salve Jorge, Farol Santander, Bar do Cofre e Casa de Francisca.
Qual é o impacto desses locais para esse projeto de turismo?
O impacto é muito grande, porque ajuda a criar o ambiente de destino turístico. Para ser um destino turístico é preciso ter várias opções. O fato de hoje ter diversas atrações faz com a experiência do turista seja diferente. Um dia ele vem para ir ao Martinelli. Outro dia ele vem para ir ao Bar do Cofre, depois ao Bar dos Arcos. Começa a criar um público fiel que vem para várias atividades diferentes.
Tem um projeto para pessoas que moram em São Paulo?
Tem. Deve se chamar algo como “Vem para o Triângulo”. Vamos colocar ônibus para todas as subprefeituras. Não é apenas para periferia, é para toda a cidade, para todas as subprefeituras e/ou CEUs – dependendo do orçamento que tivermos. Queremos trazer 1,5 mil ou 2 mil pessoas todo fim de semana para conhecer o Triângulo. Só o público de 600 mil que já frequentam a região durante a semana, mais o público que virá no fim de semana, já é suficiente para manter a economia desse destino turístico. Parte do nosso projeto é incentivar os próprios paulistanos a visitarem e conhecerem o Centro Histórico.
Há algum projeto previsto para o Centro de São Paulo como um todo?
Projeto para o Centro com um todo é uma questão de urbanismo, não de turismo.
A questão se refere mais a essa coordenação para, por exemplo, melhorar a zeladoria em todo o Centro.
Uma das primeiras conversas que tivemos durante a construção do projeto do Triângulo SP foi com o Renova Centro. Eles apontaram essa questão: ‘Por que começar por aqui e não por lá?’ Primeiro ponto: o poder público tem de escolher. Acredito muito nesse projeto – e acho que as pessoas vão começar a acreditar quando ele estiver acontecendo. Normalmente os prefeitos costumam apresentar projetos caríssimos, grandes, que são ótimos, só que não conseguem colocar em prática durante quatro anos. Por isso a primeira definição do projeto, quando o Bruno Covas pediu, foi trabalhar num território pequeno, com um custo relativamente baixo e que possa criar um modelo de atuação capaz de ser replicado. Com o Triângulo SP, vamos ter um modelo de gestão de serviços, limpeza, segurança, turística e cultural. Esse nosso modelo não vai demorar a dar resposta. Imagino que em dois ou três anos seja possível dizer: ‘Esse modelo deu certo e pode ser replicado na região da Luz, Mercadão, Centro Novo etc.
A preocupação de algumas pessoas é que o cobertor é curto e faltem recursos para ações no Centro Novo (região da República).
De fato é curto mesmo. Se escolher todos ao mesmo tempo você não faz. Se faz um, cria um modelo e ativa aquela área, a atuação não vai mais precisar ser a mesma, porque aquilo já estará desenvolvido.
Por que a escolha do Centro Histórico como primeira etapa?
Primeiro porque São Paulo nasceu no Centro Histórico. O segundo ponto é há uma narrativa para ser vendida. É onde nasceu São Paulo, a questão do triângulo é interessante, os grandes ícones religiosos estão nos vértices do triângulo (São Francisco, Sé, Pateo do Collegio). O Triângulo Histórico em si – as ruas Direita, São Bento e 15 de Novembro – está aqui. E ativação do Centro Histórico tem reflexo imediato no Centro Novo.
Como a questão da economia criativa se insere no projeto?
Já existe no Plano Diretor a previsão para que na região Sé-República seja um polo de economia criativa. Assim como a região da Paulista-Luz é um território de interesse da cultura e da paisagem. Nós vamos enviar para a Câmara um projeto de lei regulamentando o Triângulo SP. Vai dar alguns benefícios para quem abre à noite e nos fins de semana, como isenção de ISS, isenção de IPTU, autorização de funcionamento 24 horas, isenção de taxas e uma espécie de fast track para licenciamentos.
Existe um cálculo de quanto será a economia comparando um negócio aqui em relação a outras áreas da cidade?
Não tem um cálculo. Vários bares já disseram que a carga de IPTU pesa. Mas o diferencial será a criação da demanda. Hoje eles não abrem porque não tem demanda, e não tem demanda porque os lugares não estão abertos.
A não permissão para funcionamento de bares após uma da manhã é um problema para São Paulo como um todo, especialmente nesta área turística. Existe algum plano da Prefeitura para mudar isso?
Eu desconheço. Essa limitação de horário está no Plano Diretor. É uma discussão mais complexa. No Centro pode mudar porque o próprio Plano Diretor já prevê a criação do polo de economia criativa.
O que está incluído na definição de economia criativa, além da gastronomia?
Tem uma lista prevista na lei. Na relação entra galeria de arte, fintechs, startups, escola de teatro, escola de música. Toda a nova economia está incluída. O projeto já especifica todas as atividades possíveis.
E como é a sua relação com o Centro?
Eu sou de São Paulo, minha família é do Ipiranga e eu moro na Aclimação. Não conhecia muito bem o Centro até seis anos atrás, quando fui trabalhar na EMTU e comecei a vir para o Centro. Foi quando esses prédios históricos me chamaram muito a atenção. Um dia estava numa reunião e olhei para fora e vi o Martinelli; achei incrível. Outro dia vim para um festival de jazz no Vale do Anhangabaú, achei fantástico. Quando eu vim para a Prefeitura, comecei a conhecer mais, cada dia conhecia um prédio novo, uma história nova. E, quando fui para o gabinete do prefeito e o Bruno Covas pediu um projeto para turismo, eu me ofereci para tocar. Já fizemos mais de 100 reuniões. Tem ideias novas aparecendo o tempo todo.
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